Boas práticas de higiene na ordenha para melhoria da qualidade do leite
- Fábio Campelo
- 27 de jun.
- 4 min de leitura
A qualidade do leite começa muito antes do transporte ou da industrialização. Ela nasce no curral, nas mãos do produtor, e em especial, na forma como a ordenha é realizada. Em um cenário competitivo e cada vez mais exigente, aplicar boas práticas de higiene na ordenha não é apenas uma recomendação — é uma necessidade para garantir um produto de excelência, reduzir perdas e aumentar a rentabilidade da atividade leiteira.
Neste artigo, você vai entender como a higiene correta na ordenha impacta diretamente a qualidade do leite, e como implementar rotinas eficazes pode representar um salto na valorização do seu produto.
Por que a higiene na ordenha é tão importante?
A ordenha é um momento crítico. É ali que o leite, um alimento altamente nutritivo e sensível, entra em contato com o ambiente externo. A presença de micro-organismos pode comprometer não apenas o sabor e o valor nutricional, mas tornar o leite impróprio para o consumo, além de gerar rejeições nos laticínios.
Entre os problemas mais comuns estão:
Mastite subclínica e clínica;
Contaminação bacteriana (coliformes, estafilococos, estreptococos);
Elevada contagem de células somáticas (CCS);
Redução da vida útil do leite.
A boa notícia é que todos esses riscos podem ser evitados com práticas simples e eficientes no dia a dia.
Boas práticas de higiene antes da ordenha
1. Ambiente limpo e organizado
A higiene começa no ambiente. O local da ordenha deve estar sempre:
Livre de poeira, lama e fezes;
Bem ventilado e iluminado;
Com piso antiderrapante e de fácil lavagem.
Manter o ambiente limpo reduz o risco de contaminação cruzada e garante conforto tanto para os animais quanto para os ordenhadores.
2. Ordenhador treinado e higienizado
O profissional que realiza a ordenha é peça-chave. Ele deve:
Lavar bem as mãos e braços antes de cada sessão;
Usar vestimenta limpa, de preferência exclusiva para essa atividade;
Evitar uso de perfumes ou cremes que possam contaminar o leite;
Ter conhecimento das boas práticas e da rotina de higienização.
3. Limpeza e desinfecção dos utensílios
Todos os equipamentos utilizados devem passar por uma rotina de:
Lavagem com água corrente;
Detergente neutro e escova própria;
Enxágue com água quente ou desinfetante específico;
Secagem completa, preferencialmente ao ar livre.
Durante a ordenha: cuidados indispensáveis
4. Pré-dipping
O pré-dipping é a aplicação de uma solução antisséptica nos tetos antes da ordenha. Essa etapa reduz drasticamente a carga microbiana, prevenindo mastites e melhorando a qualidade do leite. O produto deve ter eficácia comprovada e ser utilizado com tempo de contato adequado (mínimo de 30 segundos).
5. Secagem dos tetos com papel descartável
Após o pré-dipping, é fundamental:
Secar cada teto com papel toalha individual;
Descartar após o uso;
Nunca reutilizar panos ou toalhas de tecido, pois acumulam bactérias.
6. Descarte dos primeiros jatos
Os primeiros jatos de leite devem ser descartados no “copo de fundo preto” ou em recipiente semelhante. Essa prática:
Permite identificar possíveis alterações no leite;
Previne contaminações iniciais;
Reduz o risco de transmissão de mastite.
Pós-ordenha: fechamento com excelência
7. Pós-dipping
Ao final da ordenha, deve-se aplicar uma solução desinfetante nos tetos. O pós-dipping:
Fecha os canais do teto, que permanecem abertos por até 30 minutos após a ordenha;
Evita a entrada de bactérias nesse intervalo;
Reduz drasticamente os índices de mastite no rebanho.
8. Resfriamento imediato do leite
Após a coleta, o leite deve ser rapidamente refrigerado a 4°C. O resfriamento lento favorece a multiplicação de bactérias, comprometendo a qualidade. Um tanque de expansão bem regulado e limpo é essencial neste processo.
Benefícios diretos de uma ordenha higiênica
Ao adotar essas práticas, o produtor garante benefícios reais e mensuráveis:
Leite com menor contagem bacteriana;
Melhor preço pago pelo litro;
Redução de descarte por contaminação;
Maior produtividade do rebanho (menos mastite);
Aprovação em testes laboratoriais dos laticínios;
Reputação positiva e abertura para novos mercados.
Implementação prática: por onde começar?
Adotar boas práticas de higiene na ordenha não precisa ser complicado. A chave está em:
Treinamento da equipe;
Padronização dos processos;
Investimento em pequenos equipamentos que facilitem a rotina;
Monitoramento constante com registros simples.
Além disso, contar com parceiros especializados pode acelerar a implementação, garantir conformidade com normas e ajudar a manter a consistência da qualidade.
A qualidade do leite não é fruto do acaso. Ela é o reflexo de um manejo cuidadoso, do respeito ao animal e, sobretudo, de boas práticas de higiene na ordenha. Aplicar essas rotinas garante não apenas um produto mais valorizado, mas mais segurança para o consumidor e mais lucro para o produtor.
Se você quer levar sua produção a outro patamar e garantir um leite de excelência, o momento de agir é agora.
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Quais são as principais práticas de higiene na ordenha?
As principais são: ambiente limpo, ordenhador higienizado, limpeza de utensílios, pré e pós-dipping, descarte dos primeiros jatos e resfriamento do leite.
Como a higiene na ordenha impacta a qualidade do leite?
Ela reduz a contaminação bacteriana, previne mastites, melhora a CCS e aumenta o valor pago pelo litro nos laticínios.
O que é pré-dipping e por que é importante?
É a desinfecção dos tetos antes da ordenha, essencial para eliminar bactérias e prevenir mastites no rebanho.
Como evitar a contaminação do leite durante a ordenha?
Com utensílios limpos, higiene pessoal, descarte inicial do leite e resfriamento imediato a 4°C após a coleta.
Como posso implementar boas práticas de forma prática na minha fazenda?
Treine sua equipe, padronize os processos e conte com apoio técnico de parceiros como a Agroneto para garantir qualidade constante.
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